Em 1997, o gaúcho Clovis Danubio de Azevedo foi designado pela construtora brasileira Odebrecht, da qual era funcionário, para coordenar a construção de uma ferrovia na Colômbia. Mal havia chegado ao país, foi sequestrado por guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN), que tentava, tal qual as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), derrubar o governo do presidente Ernesto Semper.
Durante seis meses, foi mantido em cativeiro, vivendo na selva sob condições de extrema precariedade, dormindo em redes ou no chão e comendo sobras. Eventualmente, os paramilitares lhe demonstravam alguma compaixão, dividindo com ele seu alimento, feito ora com caça, ora com animais roubados ou doados – por medo ou simpatia – por pequenos criadores com quem cruzavam em sua jornada errante.
Através da transcrição literal dos diários escritos na selva, muitos deles mostrados no avançar das páginas, junto com diversas fotos da época, o livro transmite toda a angústia e incerteza vividas por Danubio diante da morte sempre à espreita, no período em que esteve sob a mira permanente de fuzis e metralhadoras, quase sempre nas mãos de adolescentes retirados do convívio de suas famílias. Nas 164 páginas, também revela as relações promíscuas da Odebrecht com a guerrilha.
O livro é estruturado com base nos diários do autor e os textos que costuram a narrativa são de autoria do jornalista e escritor Caco Belmonte, a quem Danubio concedeu longos e emocionados depoimentos durante vários meses, desde 2019, quando a produção do livro foi iniciada.